Uma das coisas mais complicadas, na minha história, tem sido a temática que envolve a proposta da educação inclusiva, segundo a qual as pessoas com necessidades especiais devem participar em condições de iguais do processo educativo das escolas regulares, juntamente com as demais pessoas. Estou certa que as escolas não estão preparadas para tal inclusão, sejam elas públicas ou privadas. Aliás, não somente as escolas, mas a raça humana não está preparada para a inclusão. Rejeita-se tudo aquilo que é diferente, que não se encaixa, atrapalha, dificulta o processo, demanda envolvimento, empatia, solidariedade; palavrinhas difíceis de encaixar como adjetivos às pessoas, atualmente. Não vou me ater, somente, à minha experiência pessoal, pois não sou alienada e tenho lido a respeito. Mas, de fato, tenho uma filha que tem algumas necessidades especiais, que não a deixam dependente, porém, demandam alguma atenção a mais por parte dos educadores; todos eles: pais, professores, amigos, sociedade. Qual é esta “atenção a mais”? Simplesmente, aceitar o diferente, agir com naturalidade diante do inesperado... Muito mais difícil do que parece, podem acreditar!
Em todos os casos que envolvem a necessidade de compreender, sensibilizar-se, envolver-se, fica mais fácil “encaminhar”. No meu cotidiano, na área da saúde, também convivo muito com isso. Onde está o grande desafio do SUS? Na falta de resolubilidade nos níveis de atenção básica à saúde. À menor dificuldade, encaminha-se para o especialista! Na “Saúde Mental”, uma e duas, encaminham-se os “malucos” que comparecem à Unidade Básica de Saúde pro CAPS (Centro de Acompanhamento Psico- Social). Mas, por que, se o cara não ta surtando? Ah, não dá pra entender o que ele fala, é muito complicado tentar ler outro tipo de linguagem que não seja a verbal. Será que é preciso tanta capacitação para lidar com isso? Ou será que é apenas uma questão de humanização? Penso que seja parecido, na escola: se não dá pra resolver, encaminha pro psiquiatra, pro neurologista, pra farmácia, pra direção!
Sim, eu estou convicta, à essa altura, que educação é sinônimo de saúde e vice-versa. No momento atual, as palavras inclusão, cidadania e outras têm se destacado e sabemos que, por trás da proposta da educação inclusiva, está o preconceito, que fez com que a homologação da LDB 9394/96 demorasse tanto tempo para ocorrer. Eu sei, para buscarmos a sociedade inclusiva, cidadã, os sistemas de ensino precisam equipar as instituições escolares e oferecer condições para que os professores e outros profissionais de educação se preparem adequadamente para esta tarefa. Entretanto, há algumas questões que também precisam ser resgatadas, a fim de que esta política se efetive, e que demandam menos tecnologia e mais sensibilidade, criatividade e intuição!
Ultrapassado ou não, cabe um pouco de Geraldo Vandré:
...Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição...
...Vem, vamos embora que esperar não é fazer
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!
Foto: Ana e Fred