quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os caminhos de Alice


Foi o Chapeleiro Maluco quem perguntou à Alice:

- Você já sabe por qual caminho deve seguir?

O Chapeleiro, que tinha o estranho hábito de recomeçar o “chá das cinco” a todo o momento, porque brigou com o tempo. Aí o tempo resolveu parar e o relógio não andava mais até que ele conheceu Alice. Alice gostava de tomar chá com o chapeleiro. Ela não compreendia, às vezes, onde ele queria chegar com seus enigmas, mas no final, sempre havia uma lógica perfeita na sua “maluquice” e ela percebia que conseguiria desvendar, porque ele os fazia pra ela e com base nas suas histórias tristes e confusas. O chapeleiro amava as histórias de Alice e passou a fazer parte delas, como um personagem fundamental.

Então, os caminhos que ela seguiu, em sua companhia, passaram por velhas mulheres, donas de poções mágicas, passaram por artistas e poetas loucos, passaram por músicos cujas canções acalentavam e acalmavam toda a energia misteriosa que ela trazia consigo, como se desvendassem sentimentos que traduzissem o que se passava com ela. Os caminhos levavam à outros tempos e lembranças, bem distantes, passavam por florestas, constelações e por revelações que a deixavam maravilhada e, algumas vezes, confusa. Algumas amedrontavam, mas vinham acompanhadas de estratégias de compreensão ou sublimação que a faziam sentir mais poderosa, dona dos seus sentimentos e emoções, outrora desencontrados e descontrolados.

À certa altura do caminho, ele apresentou à ela personagens interessantes, sábios pensadores, filósofos, médicos, magos ou santos, que mudarão pra sempre a sua vida. Ele revelou que alguns deles podem andar sempre em sua companhia e que o que ela procura está com ela, guardado bem lá no fundo, basta procurar com calma e compreender o sentido de encontrar este tesouro.

Contudo, ela ainda está insegura para seguir sozinha, precisa e deseja estar de mãos dadas com ele, porque tem muitas perguntas. Alice sabe que não será assim pra sempre, mas também sabe que o Chapeleiro sente-se bem com ela. Talvez os dois, inconscientemente, tenham optado por seguir o caminho juntos por algum tempo, ou até que ele faça as pazes com o tempo e também possa seguir sem ela.

Ao “Chapeleiro Maluco”, com carinho...

Alice.

Um comentário:

Ernesto disse...

Preciso assistir este lilme para saber melhor do que você está falando hehe