domingo, 19 de setembro de 2010

Et Dieu... créa la femme



Como não ficar pensando sobre a inspiração de Deus quando criou um ser como a mulher... Se Ele levou 7 dias pra criar o mundo, deve ter ficado outros 700 imaginando cada detalhe que iria incluir na sua criação humana e, depois de errar, apagar e começar tudo outra vez, concluiu a obra final, que resultou em tanta complexidade!!

Me sinto a perfeita vítima deste conjunto de detalhes que fazem de mim alguém tão plena em alguns momentos e tão imperfeita em outros...

Às vezes maravilhada com a possibilidade de gerar um filho, de ficar tão realizada quando compro um sapato de salto, mesmo sem precisar, só porque ficou bacana, e só eu percebo que ele é muito diferente dos outros que tenho em casa... Maravilhada ao ver como eu sou capaz de suspirar quando alguém diz que me quer bem, de ver que algumas coisas só ficam perfeitas quando recebem o meu “toque final”, de saber que o meu sorriso ou o meu afeto, tantas vezes, parecem encantar alguém, com a minha capacidade de amar...

Outras vezes, terrivelmente injustiçada com a minha fragilidade diante de uma palavra mais dura, com a possibilidade de um vestido que fica tão bem pra outras mulheres me deixar gorda ou baixa demais, com o efeito devastador que uma TPM tem sobre mim, com a vulnerabilidade de tudo que eu considero mais importante (e a minha falta de governabilidade sobre isso), com o pouco caso que fizeram do meu amor...

Fiquei refletindo, satisfeita por saber que eu tenho tanta força pra seguir em frente, mas com medo de saber por quanto tempo mais e quanta coisa ainda virá por ai, claro, se eu tiver tanto tempo assim... Posso afirmar, com certeza, que ganhei mais do que perdi, mas por que será que as perdas deixam sinais tão profundos? E o pior é ter que se olhar no espelho e concluir que, a cada perda ou a cada ganho, somam-se algumas marcas de expressão, de sorrir ou de chorar...

Estive sensibilizada pela história de uma jovem mulher, há poucos dias... me identifiquei com cada detalhe, tendo passado por coisas semelhantes em diferentes etapas da vida: o enfrentamento de uma doença, a possibilidade de ter que deixar um filho, uma história de amor que chegou ao fim. Bom que ela não sofreu, porque deixou este mundo antes de perceber tudo isso... Um sorriso encantador que vai deixar saudades... Espero que, onde quer que ela esteja agora, perceba que saiu de cena no momento exato, porque teve tudo que uma mulher precisa para ser, plenamente, feliz: era a melhor no seu trabalho, querida entre os que conviviam com ela, foi a mãe mais perfeita e viveu um grande e correspondido amor.

Se eu pudesse reinventar a mulher, faria um ser mais decifrável, que se fizesse compreender pela sua pura existência, mesmo sabendo que, para conseguir tal efeito, teria que tirar da sua fórmula uma pitada de vaidade, uma boa quantidade de sensibilidade, alguns quilos de romantismo e acrescentar, sem medo de exagerar na dose, aquilo que torna possível não amar tanto...

Pensando bem, acho que eu iria estragar a criação divina, melhor deixar tudo como está e pensar que Ele um dia levantou cheio de inspiração e, sem muito pensar nas conseqüências, juntou tantas coisas preciosas... e criou a mulher!

2 comentários:

NOTE disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
NOTE disse...

Passamos a vida inteira tentando solucionar todos os nossos problemas, para atingir um nível de excelência humanamente impossível de ser alcançado. Afinal, um objetivo não pode existir sem estar atrelado a um problema. E o que é a vida se não uma história cheia de problemas, objetivos e decisões? Uma mulher, com toda sua complexidade, seus problemas, uma delicadeza, de detalhes, na imortal beleza de sua existência. A vida é feita de inúmeras crônicas e a próxima já está para começar.